A Polícia Federal (PF) revelou novos desdobramentos na apuração sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, em 2022, envolvendo o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Documentos e mensagens analisados mostram que Bolsonaro participou ativamente da elaboração de um decreto, conhecido como “minuta do golpe”, que previa ações para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente.
Atos planejados incluíam detenção de Moraes e monitoramento de autoridades
Conforme detalhado no relatório da PF, a “minuta do golpe” foi revisada e ajustada diretamente por Bolsonaro, que também teria “enxugado” o documento para deixá-lo mais resumido. O plano incluía a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 15 de dezembro de 2022, dias antes da posse de Lula, marcada para 1º de janeiro de 2023.
Além disso, mensagens obtidas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, indicam que o ex-presidente estaria “sob pressão” para adotar medidas drásticas e que monitoramentos do ministro Moraes estavam em andamento. Esses registros foram fundamentais para o despacho do próprio Moraes, que autorizou prisões e investigações mais amplas.
Prisões de militares e indícios de articulações no Planalto
A operação policial resultou na prisão de quatro militares das Forças Armadas e um agente da Polícia Federal. Entre os detidos estão o general Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, e o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, além de outros oficiais que ocupavam posições estratégicas. Segundo a PF, o general Estevam Theophilo, em reunião com Bolsonaro no dia 9 de dezembro de 2022, teria demonstrado apoio ao golpe, condicionado à assinatura do decreto ajustado pelo presidente.
As mensagens analisadas mostram ainda que Mauro Cid e outros aliados estavam em contato frequente com militares de alta patente, sugerindo articulações para consolidar o plano.
Ameaças a Lula e Alckmin
Um ponto alarmante da investigação é a revelação de que o plano golpista incluía a possível eliminação física de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Sob o nome de “Operação Punhal Verde e Amarelo”, o grupo teria discutido ações extremas para anular a chapa eleita.
De acordo com a PF, tais ações incluiriam até mesmo homicídios, o que reforça a gravidade do caso e amplia o escopo das investigações. A análise de mensagens também sugere que membros do alto escalão das Forças Armadas estavam cientes das movimentações.
Repercussões e próximos passos
Os desdobramentos da investigação colocam Bolsonaro no centro de um esquema que, se comprovado, pode representar um dos episódios mais graves da história política brasileira. O STF continua a acompanhar o caso, enquanto a PF dá seguimento à coleta de provas e depoimentos.
Essas revelações levantam questionamentos sobre a extensão do apoio a ações golpistas e o envolvimento de outras autoridades no planejamento. A investigação segue em sigilo parcial, mas promete impactar profundamente o cenário político do país nos próximos meses.